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Gostoso na
Folha de São Paulo
A Revista da
Folha. encarte dominicial da Folha de S. Paulo, publicou neste domingo (26/3)
reportagem de três páginas, com textos e fotos, sobre São Miguel do Gostoso. O
jornalista Roberto de Oliveira diz que São Miguel do Gostoso "dá um banho de
belas praias" e afirma que a praia de Tourinhos "poderia figurar tranquilamente
na lista das praias mais belas do Brasil". Segundo Oliveira, a Ponta do Santo
Cristo é um dos melhores "points" de windsurf e kitesurf do país. O jornalista
da Folha também faz rasgados elogios aos pratos do restaurante Balica, da
Pousada dos Ponteiros, especialmente o arroz de polvo, "com uma pitadinha de
canela para dar um toque agradável". Roberto de Oliveira viajou a São Miguel do
Gostoso a convite da Gol Linhas Aéreas Inteligentes e da Pousada dos Ponteiros.
Publicação: 26 de Março de 2006
Fonte: Revista da Folha de São Paulo
Texto e Fotos: Roberto de Oliveira
No
'calcanhar' do Brasil, o vilarejo de São Miguel do Gostoso dá um banho de belas
praias
"Aqui se faz Gostoso", anuncia a placa de
boas-vindas na RN-221, estradinha de asfalto rodeada de coqueirais e belas
lagoas de água doce, logo na entrada da cidade. A poucos metros dali, o posto de
gasolina estampa o adjetivo no painel luminoso. O mesmo se repete, em letras
garrafais, no supermercado e na farmácia da avenida central. Até na praia, as
campanhas de educação ambiental o trazem em dose dupla: "É gostoso ver Gostoso
limpo".
Numa cidade que carrega o insólito nome de São Miguel do Gostoso, a vida é
assim: dos estabelecimentos comerciais aos pontos turísticos, passando pela
prosa cadenciada de seus moradores, gostoso é uma palavra cortejada a todo
momento.
O santo mesmo foi chutado para escanteio: ninguém dos cerca de 9.000 habitantes
(áreas urbana e rural) usa o nome do padroeiro para se referir à cidade. Só por
Gostoso. Os nativos guardam diferentes versões sobre a adição do adjetivo ao
nome do padroeiro. A parte unânime é que o lugar inicialmente se chamava São
Miguel de Touros -Touros em referência ao município vizinho, do qual era
distrito.
Já a versão do Gostoso é bem mais "nonsense". Ele teria sido inspirado por um
morador que hospedava caixeiros-viajantes. Enquanto preparava o café ou o jantar
no fogão à lenha, o anfitrião divertia seus convidados contando histórias,
sempre marcadas por longas e gostosas gargalhadas. Por conta dessa peculiar
gaitada, como se diz no Nordeste, o dono da casa, que pode ser pescador,
boiadeiro ou vendedor, dependendo de quem narra, começou a ser chamado de "seu"
Gostoso.
Os moradores locais e os da redondeza passaram a se referir à vila simplesmente
por Gostoso, para diferenciá-la de outros povoados que também adotavam o mesmo
São Miguel. Após a emancipação, em 1993, a população quis se livrar também da
referência ao município vizinho e, um ano depois, um plebiscito foi convocado
para decidir o assunto. Resultado: com quase 100% dos votos, Gostoso se saiu
vitorioso.
Quem é natural ou habitante de São Miguel do Gostoso é chamado de gostosense,
mas há quem prefira suprimir parte da grafia para gostoso ou gostosa. Há
gostosenses "naturalizados" oriundos de São Paulo, Ribeirão Preto, Paris,
Genebra, Milão e até de Argel, capital da Argélia. Mas essa mistura não sufocou
o clima de tranqüilidade, para deleite dos moradores e turistas nacionais e
estrangeiros que buscam sossego em suas praias paradisíacas.
O lugar é limpo, bem acima da média das cidades praianas nordestinas, tranqüilo,
charmoso e seguro. Ideal para descansar e fugir do estresse urbano.
Onde o vento faz a curva
Gostoso, onde celular nem pega, fica exatamente na "esquina" do continente
sul-americano, sentido oeste, conhecida como Ponta do Calcanhar, marco zero da
BR-101, que começa no Rio Grande do Norte e termina 4.500 km depois, no Rio
Grande do Sul. Seu litoral se alinha paralelamente à linha do Equador.
A posição geográfica favoreceu o desenho de suas praias. Tome como exemplo
Tourinhos, uma enseada de águas claras e mornas, praticamente deserta, com uma
duna gigante que "se aquietou", como dizem os filhos de Gostoso, petrificou-se
há cerca de 2.000 anos e se transformou num morro com cerca de 8 m de altura e
vista deslumbrante. Tourinhos poderia figurar tranqüilamente na lista das praias
mais belas do Brasil, mas permanece praticamente deserta a maior parte do tempo,
com exceção dos feriados prolongados.
Onde quer que se esteja em Gostoso, bate uma brisa boa e constante a qualquer
hora do dia ou da noite -afinal, é lá onde o vento faz a curva-, o que garante a
festa dos adeptos dos esportes náuticos à vela.
A praia Ponta do Santo Cristo é um dos melhores "points" de windsurfe e
kitesurfe do Brasil. Uma duna invade o Atlântico e represa um braço de mar
formando uma imensa piscina natural, ótima para banho tanto na maré baixa como
na alta, de águas mornas e transparentes.
É de lá que se tem uma ampla visão da enseada e se sente tentado a encarar
longas caminhadas à beira-mar, descobrindo uma praia diferente em cada curva.
Preste atenção aos nomes: Cardeiro, Xepa, Maceió, Rapadura.
Uma dica: o vento forte suaviza o efeito dos raios do sol. Por mais intenso que
ele esteja e por mais branco que você seja, não irá perceber o estrago, só à
noite, depois da ducha. Por isso, abuse do protetor solar.
Um pouco mais distante, depois de Tourinhos, estão Morros e a praia do Marco,
famosa por ter sido a primeira no Brasil em que desembarcaram os portugueses, em
1501, para demarcar as novas terras conquistadas. É onde está a réplica de um
marco português do século 16; o original fica em exposição no Forte dos Reis
Magos, o monumento mais antigo da capital Natal.
Em sentido oposto, rumo à "rival" cidade de Touros, a cerca de 15 km, está o
mais alto dos 173 faróis sob o controle da Marinha do Brasil. Inaugurado em
1912, o farol Calcanhar é considerado estratégico, por ser o ponto da América do
Sul mais próximo da África, servindo de referência à navegação e à aviação.
Reserve uma dose extra de energia para encarar os degraus que levam a 62 m de
altura. O farol pode ser visitado aos domingos (entrada franca) e, do alto, se
tem uma visão privilegiada das praias recortadas da região.
Para se recompor, dê um parada no restaurante Balica, na praia Maceió. Uma de
suas especialidades é o arroz de polvo, R$ 17 por cabeça. Gostosense, o chef
Isaias Canuto Soares, 36, metade deles na cozinha, explica o preparo: "Além do
grão e do molusco que lhe dão nome, vai leite de coco, tomate, pimentão, cebola
e uns temperinhos locais".
E esse gostinho especial, Isaias? "Tem uma pitadinha de canela para dar um toque
agradável, mas o que o deixa assim bem saboroso é mesmo o polvo. O molusco daqui
é gostoso demais", conta.
Pelo jeito, Gostoso contagiou até o mar.
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Roberto de Oliveira viajou a convite da Gol Linhas Aéreas Inteligentes e da
pousada dos Ponteiros.
ONDE FICA
Está a cerca de 110 km de Natal. Da capital, pegue a BR-101 Norte (em ótimo
estado). Depois de Touros, entre à esquerda e siga as placas. Se não quiser
encarar estrada, combine o traslado com a pousada
Para quem: procura sossego e para os adeptos dos esportes de vela.
Gostoso é um ponto privilegiado
Quando ir: o ano todo, no "inverno", de março a junho, costuma ter chuvas
rápidas, mas o Sol volta a imperar
Onde ficar: Pousada do Gostoso (www.pousadadogostoso.com.br), tel. 0/xx/84/3263-4087.
Rua dos Corais, 2, Santo Cristo. A partir de R$ 130 (casal, com café da manhã).
Nove chalés com redes na varanda e ventilador de parede. Pousada dos Ponteiros (www.
pousadadosponteiros.com.br), tel. 0/xx/84/3263-4007. Enseada das Baleias, 1.000,
Maceió. A partir de R$ 130 (casal, com café da manhã). São 14 chalés de frente
para o mar, com redes na varanda, ar-condicionado, ventiladores de teto,
frigobar e TV.
Quem leva: DGG Viagens e Turismo, tel. 6243-4518. A partir de R$ 1.332.
Inclui aéreo, traslados, quatro noites em apto. duplo com café da manhã. Speedy
Tour, tel. 2168-3900 (www.speedytour. com). A partir de R$ 2.145. Inclui aéreo,
traslados e sete noites com café da manhã e jantar. Turdesilhas, tel. 5533-8427.
A partir de R$ 2.095. Inclui aéreo, traslados, cinco noites em apto. duplo com
café da manhã.
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